segunda-feira, 24 de março de 2008

O Cocais - O Início





Fotos do site baraoonline

Cocais, distrito do município de Barão de Cocais ou, Vila Colonial de Cocais, faz parte da Estrada Real – o Circuito do Ouro – um ponto turístico com um interessante conjunto arquitetônico do período colonial formado por antigos casarões e igrejas.

Os coqueiros (cocais) que embelezam os campos dos arredores, inspiraram o nome do distrito que tem como destaque o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, a Cachoeira de Cocais e as Igrejas. Durante muito tempo, Cocais foi um importante ponto de parada dos tropeiros que circulavam pela Estrada Real, indo e vindo do sertão mineiro. Ainda hoje podem ser vistos resquícios dos ranchos que abrigam esses viajantes

Cocais não se destaca no circuito do ouro somente pelas suas belezas naturais e importância histórica, mas também pela fama que adquiriu desde os tempos coloniais, de ser um celeiro agropecuário e de riquezas minerais.

São 18 municípios que compõe esse circuito do ouro divididos em cidades, vilas e lugarejos: Barão de Cocais (em especial Cocais), Belo Vale, Bom Jesus do Amparo, Caeté, Catas Altas, Congonhas, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Lima, Ouro Branco, Ouro Preto, Raposos, Rio Acima, Sabará, Santa Bárbara, Santa Luzia, São Gonçalo do Rio Abaixo.

O asfalto liga todas as regiões, mas pode-se aventurar por estradas de terra. O Ciclo do Ouro foi o mais rico período da História do Século XVIII. O metal revolucionou o mundo. Em todos esses municípios o patrimônio arquitetônico é testemunha do passado histórico-cultural e a natureza oferece belezas que precisam ser conhecidas e preservadas.

Cocais foi fundada no séc. XVIII, no dia 26 de julho de 1703, pelos bandeirantes Antônio e João Furtado Leite, irmãos portugueses que na ocasião erigiram uma tosca capela sob a invocação de Santana. Em 1769 era construída uma igreja definitiva, a atual, que possui talha dourada no estilo oriental. Igreja essa de traços aristocráticos, construída para abrigar os ancestrais do Barão de Cocais e sua própria e numerosa família tradicional de Minas, os Pinto Coelho da Cunha.

Em 1835, quando o Barão de Cocais foi governador de Minas Gerais (presidente da província) realizou melhoramentos na vila de Cocais, como urbanização e calçamento, além da reforma da capela de Santana, como pintura, ampliação e douramento dos altares.

Em 1855, o alferes Antônio da Silva Sampaio mandou construir a matriz de Nossa Senhora do Rosário, para que nela os escravos pudessem assistir às missas, impedidos que eram de freqüentar a igreja de Santana. Anos depois ela foi ampliada por iniciativa do Monsenhor João Raimundo de Oliveira, ali sepultado, e se tornou a igreja principal da vila de Cocais, pois a de Santana era freqüentada pela elite da vila. Ali se reuniam de fato e além dos familiares do Barão de Cocais, o Conde de Oyenhausen - chefe de milícias de Cocais e o Visconde de Barbacena, proprietário das minas de Brucutu.

Ambas igrejas são tombadas pelo IPHAN.

Cocais é rica em exemplares de arquitetura civil, destacando-se o interesse do conjunto urbano, principalmente ao redor das Igrejas de Santana e do Rosário. O casario conserva, ainda hoje, a característica arquitetônica colonial.

Cocais, já descaracterizada pelo calçamento de paralelepípedos - ainda conserva traços da época de esplendor do ouro, então explorado pela Companhia Brasileira de Mineração da Serra de Cocais, fundada pelo Barão em 1833 com o auxílio de capital inglês levantado por Oxenford. Os trabalhos tiveram início em 1834 e, segundo relatório de Henwood a empresa produziu, de 1833 a 1846, 557 libras de ouro que foram depositadas em bancos da Inglaterra, daí originando a pretensa fortuna do Barão de Cocais.

No Largo de Santana está o Solar da Ladeira, onde hospedou-se o Duque de Caxias que veio ao encontro do Tenente-Coronel José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o futuro Barão de Cocais, ao término da Revolução Liberal de 1842. Certamente Caxias não o encontrou, pois o Tenente-Coronel estava escondido numa das grutas da Serra da Conceição, temeroso da prisão pela derrota do movimento revolucionário.

O Solar da família Pinto Coelho localizava-se defronte à igreja de Santana e interligava-se a ela através de um túnel, ainda existente. Hoje demolido, o casarão tinha dois pavimentos e nele o Barão passou os últimos dias de sua vida, após retornar da Corte (Rio de Janeiro), onde fora moço fidalgo da Casa Imperial. Após sua morte, o Solar abrigou a família do Coronel Manoel Pereira dos Santos Penna, irmão do então futuro Presidente do Estado Afonso Pena. Conhecido por Neca Penna, seu corpo encontra-se sepultado no adro da igreja de Santana, no pequeno mausoléu da família.

As ruínas da Fazenda da Cachoeira, onde nasceu José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, está distante do centro histórico da vila, aproximadamente 3 km.

Nos arredores de Cocais, a Cachoeira de Cocais ou Cachoeira da Pedra Pintada é a principal cachoeira formada no leito do Rio Una. As dez quedas que descem de uma montanha de pedras de mais de 30 metros, proporcionam um espetáculo maravilhoso. Logo após os saltos, formam duchas naturais e uma grande piscina, onde é possível tomar banhos.

Próximo a Cachoeira de Cocais encontra-se o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, um abrigo natural de rochas quartzíticas, onde os homens pré-históricos deixaram sinais de sua permanência através de pinturas rupestres.

Foi nesse ambiente histórico que Cocais recebeu visitantes ilustres, como Von Spix e Von Martius, Saint Hilaire, Richard Burton, John Emannuel Pohl e tantos outros. Com uma população descendente de nobres, existiam na vila mais de vinte pianos, que animavam os bailes nos antigos casarões. Talvez tenha sido esse o motivo que inspirou Fernand Jouteau a comprar a ópera "Os Sertões", famosa em todo o país.

CEP: 35975-000
DDD: 31

Este destino (Cocais) está vinculado a:
Estrada Real: Barão de Cocais - Diamantina - Rota dos diamantes

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